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De
todas as novas técnicas de comunicação e de transportes
introduzidas na Africa Central, em geral, e em Angola em particular,
- cabo submarino, fio telegráfico ou / linhas telegráficas,
etc. - os caminhos-de- ferro foram as que condicionaram e marcaram as
actividades económicas, politicas e sociais.
A linha férrea de Benguela era tão importante que transformou
a geografia económica levantando da letargia que jazia a sua
zona de influencia. A economia assentava inteiramente na agricultura
cuja a cultura de milho adquiriu uma grande importância, por constituir
a alimentação de base das populações locais,
tornar se o principal do produto do comercio interno e externo, a fonte
das receitas do tráfego da linha férrea e por fornecer
os recursos pecuniários às populações locais
para o pagamento do imposto. No rama industrial, a produção
artesanal autóctone cedeu o lugar a pequenas indústrias
transformadoras.
Embora a linha férrea de Benguela fosse considerada a mais económica
de todas as vias de escoamento dos minérios do Katanga, ela não
conseguiu, no tráfego internacional, desviar o tráfego
mineiro do Katanga, nem conseguir fazer concorrência com as linhas
férreas e portos da actual Republica Democrática do Congo
da Africa Austral (RR, Beira). Isto tornou a linha férrea de
Benguela deficitária.
A política da construção dos caminhos de ferro
condicionara a geopolítica de Angola e da actual Republica Democrática
do Congo. As decisões politicas foram tomadas tendo em conta
o condicionalismo económico em Angola e no Congo. A cooperação
estabeleceu se também entre a administração colonial
e o meio financeiro; e o caminho de ferro de Benguela tornou se numa
arma de negociações quer para manter a integridade territorial
de Angola quer para afastar as ambições das potências
coloniais mais poderosas.
O Caminho de ferro de Benguela sendo uma linha de penetração
permitira à administração colonial portuguesa a
concretização dos projectos coloniais entre outros, a
ocupação efectiva e a organização administrativa
da zona de influência do CFB e a integração da região
na economia colonial. A linha férrea de Benguela fixara os Portugueses
na sua zona de influencia; criara e permitira a criação
das povoações e cidades ferroviárias, administrativas
e comerciais.
A Zona de influência CFB foi transformada num reservatório
de mão de obra; o autóctone foi transformado numa máquina
de produção de riqueza pública; o ordenamento do
espaço, a expropriação dos terrenos dos autóctones,
o regime de trabalho forçado, o recrutamento de mão-de-obra,
as más condições de trabalho, o imposto indígena,
provocava as migrações e emigrações; a convergência
de "raças", as novas técnicas e a duração
do contrato, as doenças contribuíram à diminuição
da população autóctone; o ensino baseado na formação
de bons trabalhadores não permitiu a evolução social
e intelectual dos autóctones e era ilustrado pelo elevado índice
de analfabetismo; a rede sanitária pública e privada sendo
deficiente, a população vivia pela consagrada mercê
de Deus e do kimbanda; as más condições de trabalho
na Companhia CFB e no Porto do Lobito, as crises económicas,
as fricções sociais, a resistência passiva e o anti
colonialismo provocaram as greves e outras atitudes anticoloniais cujos
bodes expiatórios eram os chefes tradicionais, os Alemães,
os Polacos e os missionários católicos e protestantes.
Apesar do caminho de ferro ter beneficiado pouco negros, contudo, estava
na base da globalização, da estabilidade política,
das mudanças económicas e da mobilidade e promoção
social da região.
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