Aurora da Fonseca Ferreira :

Do passado ao presente : tráfego comercial e redes de comunicação,
factores privilegiados de “modernidade”

Aurora da Fonseca Ferreira

A comunicação na actualidade, processando-se através de meios e suportes de transmissão extremamente rápidos e de acesso relativamente fácil, permite conhecer e acompanhar os mais recentes acontecimentos que ocorrem no mundo, nos diversos domínios da actividade humana. Admite-se daí, quase imediatamente de que por isso vivemos, ou não podemos fugir a vivermos, num mundo uno, "global", em que os progressos tecnológicos impelem "o mundo" para os mesmos modelos e figurinos de vida sócio-cultural, ou seja para o mesmo modelo de desenvolvimento, a que muitos consideram o da "modernidade". Admitindo essa possibilidade, ela parece-nos pelo menos longínqua se entendermos "comunicação" no sentido de inter-acção, em que outros factores que não meramente os de suporte de comunicação têm importância para influir nas mudanças que podem proporcionar a inflexão para a "modernidade".
Entendida, por vezes, com o que vem de fora, a "modernidade", é também identificada como "ocidentalização". Embora considerando que as forças exteriores a um dado corpo possam funcionar como impulsionadoras de movimento desse corpo e, portanto, de mudanças de um estado para outro; no caso de sociedades humanas, essas mudanças (do estado de inércia para o de movimento) podem inflectir em diferentes direcções, sendo a questão de saber qual delas poderá ser a da "modernidade" e "progresso" ou como elas podem proporcionar a satisfação e melhores condições de vida às populações. Angola, considerada por muitos, um país marcadamente influenciado pela cultura ocidental portuguesa, apresenta no entanto situações diversas resultantes dos contactos dessa cultura com culturais locais. Nesses contactos, os centros urbanos registaram uma absorção maior da cultura proveniente do exterior do que as zonas rurais pelo facto de aí se verificar uma inter-comunicação mais directa e intensa entre essas culturas, sobressaindo Luanda, de entre esses centros. Sendo a sua capital, Luanda funcionava como centro polarizador de mudanças, isto é, influenciando enquanto director e gestor como também enquanto representando "modelo" de sociedade e de estilo de vida. Porém, nem sempre, se não mesmo na maior parte dos casos, foi esse o sentido. Várias sociedades procuraram manter-se afastadas desse modelo, mas aproveitaram desse centro certas propostas; estas contribuíram para as mudanças que, então, conheceram e se registaram depois de meados do séc. XIX, como foi o caso da região da Kisama, que exemplificaremos.
Com elementos sobre a evolução posterior da região e acompanhando, de certo modo, a situação da região nos anos de 1990 até mais recentemente, pretendemos mostrar como essas sociedades têm evoluído, quais os factores que têm contribuído para as mudanças verificadas e como estas se processaram, de modo a ponderar sobre as possibilidades de transformações no futuro, ou seja, de evolução futura, embora sndo um Parque Nacional.


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