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A
comunicação na actualidade, processando-se através
de meios e suportes de transmissão extremamente rápidos
e de acesso relativamente fácil, permite conhecer e acompanhar
os mais recentes acontecimentos que ocorrem no mundo, nos diversos domínios
da actividade humana. Admite-se daí, quase imediatamente de que
por isso vivemos, ou não podemos fugir a vivermos, num mundo
uno, "global", em que os progressos tecnológicos impelem
"o mundo" para os mesmos modelos e figurinos de vida sócio-cultural,
ou seja para o mesmo modelo de desenvolvimento, a que muitos consideram
o da "modernidade". Admitindo essa possibilidade, ela parece-nos
pelo menos longínqua se entendermos "comunicação"
no sentido de inter-acção, em que outros factores que
não meramente os de suporte de comunicação têm
importância para influir nas mudanças que podem proporcionar
a inflexão para a "modernidade".
Entendida, por vezes, com o que vem de fora, a "modernidade",
é também identificada como "ocidentalização".
Embora considerando que as forças exteriores a um dado corpo
possam funcionar como impulsionadoras de movimento desse corpo e, portanto,
de mudanças de um estado para outro; no caso de sociedades humanas,
essas mudanças (do estado de inércia para o de movimento)
podem inflectir em diferentes direcções, sendo a questão
de saber qual delas poderá ser a da "modernidade" e
"progresso" ou como elas podem proporcionar a satisfação
e melhores condições de vida às populações.
Angola, considerada por muitos, um país marcadamente influenciado
pela cultura ocidental portuguesa, apresenta no entanto situações
diversas resultantes dos contactos dessa cultura com culturais locais.
Nesses contactos, os centros urbanos registaram uma absorção
maior da cultura proveniente do exterior do que as zonas rurais pelo
facto de aí se verificar uma inter-comunicação
mais directa e intensa entre essas culturas, sobressaindo Luanda, de
entre esses centros. Sendo a sua capital, Luanda funcionava como centro
polarizador de mudanças, isto é, influenciando enquanto
director e gestor como também enquanto representando "modelo"
de sociedade e de estilo de vida. Porém, nem sempre, se não
mesmo na maior parte dos casos, foi esse o sentido. Várias sociedades
procuraram manter-se afastadas desse modelo, mas aproveitaram desse
centro certas propostas; estas contribuíram para as mudanças
que, então, conheceram e se registaram depois de meados do séc.
XIX, como foi o caso da região da Kisama, que exemplificaremos.
Com elementos sobre a evolução posterior da região
e acompanhando, de certo modo, a situação da região
nos anos de 1990 até mais recentemente, pretendemos mostrar como
essas sociedades têm evoluído, quais os factores que têm
contribuído para as mudanças verificadas e como estas
se processaram, de modo a ponderar sobre as possibilidades de transformações
no futuro, ou seja, de evolução futura, embora sndo um
Parque Nacional.
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